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sábado, setembro 10, 2005
Espécie paralela  Pobres macacos! Pobre Adão! Pobre Eva! Devem sentir um desgosto danado cada vez que olham para os seus descendentes e vêem a lambança que fazemos. Ao ver que nós, seus descendentes, chegamos ao cúmulo de eleger Severinos, Bushs, Blairs, Malufs entre tantos outros exemplares dessa espécie paralela ao ser humano – sim, considero-os uma espécie paralela, afinal essa “gente” não pode ser completamente humana – nossos ancestrais devem sentir ânsias de vômito! E o pior de tudo é que não fica só nos representantes que elegemos. A coisa vai muito além: o ser humano – ou aquela espécie paralela que se finge muito bem de ser humano – mata aos seus semelhantes; mantém seus “iguais” em cativeiro; tortura aqueles que deveriam ser seus “irmãos”. O ser humano – ou algo muito parecido com ele – é uma coisa nojenta. Sinceramente não tenho muitas esperanças de que as coisas possam melhorar. A cada dia que passa fico mais chocado com alguma notícia que leio: é corrupção aqui, assaltos enormes ali, seqüestros acolá e mortes mais perto de nós do que podemos imaginar. O que me levou a escrever essa crônica foi o seqüestro seguido de morte do neto de uma empregada, no interior de São Paulo. A criança havia sido seqüestrada por engano e os animais que fizeram o rapto, ao descobrir o erro – essa questão do erro é relativa, pois, para mim, o erro não foi ter seqüestrado a criança errada e sim, simplesmente, ter seqüestrado – assassinaram o refém. Em que mundo vivemos? O que fez aquela criança para merecer isso? O que passou na cabeça dos animais ao cometerem esse crime? Não tiveram dó? Não tiveram vergonha de seu ato? Ou será que nessa espécie paralela do ser humano esses são sentimentos inexistentes? Para piorar, além de existir tanta barbaridade nesse mundo, ainda temos que conviver com coisas como a miséria, a fome e tantos outros problemas sociais que fica complicado de aqui enumerar. Bem fez Brás Cubas quando não teve filhos e, assim, não transmitiu a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.
Enviado por
Gabriel H.
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