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quarta-feira, fevereiro 02, 2005
Rita
Capítulo XV – Dois anos e um crime depois
Logicamente, Silvana foi condenada pelas duas tentativas de assassinato contra Rita, contudo, mesmo assim, a vida de nossa vereadora não virou um mar de rosas.
Como já foi dito alguns capítulos atrás, a ex-garçonete resolveu se candidatar a deputada, porém, apesar de ter tido uma maravilhosa votação, ela sequer foi diplomada.
Dois anos haviam se passado desde a prisão de Silvana e a ex de Geraldo não havia ficado nem mesmo um dia longe da cela da cadeia, porém algo de muito estranho aconteceu.
Uma semana após a eleição, a nossa heroína (ou anti-heroina, como muitos já disseram) foi encontrada morta em seu apartamento. Pelo menos isso é o que se deduz, pois o corpo foi encontrado em tal estado que seria praticamente impossível fazer o reconhecimento. As mãos e os pés estavam cortados e o que havia sobrado do corpo estava totalmente carbonizado. Sem dúvida fora um crime cruel e, provavelmente, sem precedentes em toda a história desse país.
Quando Geraldo chegou, o delegado Ciro já se encontrava no apartamento e fez ao noivo da vítima todas as perguntas de praxe, como por exemplo se a moça tinha recebido alguma ameaça de morte nos últimos tempos. A resposta para essa e muitas outras perguntas que poderia elucidar o crime foi um simples não.
O que nem Geraldo e nem o delegado Ciro imaginava é que a investigação ganharia um elemento novo graças a descoberta de um jovem policial. Ao entrar no quarto de Rita (o corpo estava na sala) para ver se encontrava alguma pista, o jovem encontrou um bilhete digitado no computador com os seguintes dizeres:
“A garçonetizinha já foi. Os próximos serão aqueles que se juntaram a ela!”
O bilhete tinha sido escrito no computador e, obviamente, não possuía nenhuma assinatura. A letra era de um vermelho bem forte, cor de sangue.
Ao ler o que estava escrito Geraldo engoliu seco. Para ele estava claríssimo que a próxima vítima era ele mesmo. Seu primeiro pensamento foi: “Agora cada noite vai ser mais difícil de dormir do que a outra! Isso é... se o bandido foi piedoso e me deixar viver pelo menos uma noite a mais.”
Sem dúvida cada noite seria mais perigosa do que a outra, não só para Geraldo como também para Mauro e tantos outros que haviam se aproximado de Rita.
Não é necessário nem dizer que a primeira suspeita do delegado Ciro caiu justamente sobre Silvana, contudo essa hipótese apresentava uma pequena falha: a suspeita estava presa e até aquele dia, mesmo tendo se passado dois anos de sua prisão, não recebera nenhuma visita e não passara um dia sequer ser ver o sol nascer quadrado. Como ela poderia comandar esse crime – e outros que provavelmente viriam em breve – de dentro da cadeia? A única chance que haveria de ela ter o mínimo de controle da situação aqui fora era necessário que houvesse ou um funcionário da cadeia aliado a ela ou então que alguma amizade feita na cadeia tenha sido libertada. Esse seria o primeiro passo: descobrir quem eram os amigos de Silvana dentro da prisão.
-- Antes de mais nada você precisa fazer uma coisa, delegado. – disse Geraldo, com uma cara de medo que jamais tinha sido vista
-- Pode falar, meu caro. – Ciro tentava aparentar a maior calma possível, apesar de, em seu interior, estar muito agitado e com medo do que o futuro reservava naquela investigação
-- Eu quero proteção policial. Eu estou com muito medo. Nunca me senti assim. Mas estou com tanto medo que acho que não tenho coragem nem de sair daqui. Para o senhor ter uma idéia ainda nem chorei pela morte da Rita. Nem consigo pensar nisso. Só penso na minha morte.
-- Calma, Geraldo, você pode ficar tranqüilo. Nós vamos dar o máximo de proteção para você. Afinal no bilhete está muito claro que sua vida corre perigo. Geraldo, não posso negar, você é uma vítima em potencial. – o delegado disse isso com um ar de derrota, afinal Geraldo havia se tornado até mesmo um amigo seu e ele não poderia considerar a hipótese de perder um amigo cuja vida estava em suas mãos.
Geraldo ficou calado. Olhava para a janela, como se mirasse o horizonte, contudo a cortina estava fechada. Sem dúvida a pressão e o medo que pairavam sobre aquele homem eram imensuráveis. É possível que outros, em sua situação preferissem se antecipar ao bandido e dar um fim na própria vida vida. Por mais que Geraldo fosse um homem forte essa idéia passou pela sua cabeça mais de uma vez.
Enviado por
Gabriel H.
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