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sexta-feira, novembro 19, 2004
Deputado Lula
Muitas vezes, quando me sento nessa cadeira para digitar minha crônica semanal (que não vem sendo tão semanal assim) me sinto o Dirceu de Castro, porém, na maioria das vezes, ao invés de criticar o vereador Naldo (que agora é prefeito) critico alguém que tem um cargo um pouquinho melhor: o Presidente da República. Sei que os leitores petistas devem sentir um desgosto enorme em ler meus textos, contudo não resisto à tentação de falar sobre o que está errado no Brasil.
Uma coisa que mais me impressionava no Lula era a vontade que ele tinha de ser presidente. É uma pena que desde primeiro de janeiro de 2003, um dia que sem dúvida entrará para história do Brasil (pelo bem ou pelo mal), o presidente tenha desistido de ser presidente para se lançar em um novo sonho: ser deputado. E o pior não é ele ter desistido do sonho de ser presidente – é normal decepções com coisas que sonhamos a vida toda -, mas sim ele ter abandonado a presidência no meio do mandato para assumir a vaga de deputado. Aguardem, porque ainda é cedo para lamentar. Além de ter largado a presidência para assumir outro cargo eletivo, o ex-presidente NÃO FOI ELEITO para tal cargo.
Antes que me chamem de louco, vou me explicar. Na escola aprendi que no Brasil nós temos três poderes INDEPENDENTES: o judiciário (que julga), o executivo (que executa) e o legislativo (que legisla). Que eu saiba não é função do executivo legislar, assim como não é função do legislativo governar. Contudo o que vemos é o seguinte: um legislativo que não legisla (e para falar a verdade, não faz nada) e que vê seu lugar sendo tomado pelo executivo.
Atenção, senhores leitores, pois agora vem a verdadeira explicação. Em um ano o governo editou SESSENTA E QUATRO MPs. Não, o senhor não leu errado! Infelizmente! Para complicar ainda mais essas Medidas Provisórias trancam a pauta do Congresso. Há muito tempo não se vota nada naquela casa e a indecisão sobre algumas MPs é um dos motivos para tanto.
A situação não seria tão feia para o PT caso eles sempre tivessem defendido o método das MPs. No governo FHC elas foram usadas sim – e muito -, todavia os petistas sempre se mostraram 100% contra essas medidas. Agora que estão no poder a média de MPs editadas só nesse ano – que ainda não terminou – é de 6,4 por mês, superior à média qualquer ano do governo FHC com exceção do último, quando diversas medidas provisórias foram editadas a pedido da equipe de transição petista.
Conforme já fiz outras duas vezes, terminarei minha crônica com uma frase do deputado Lula, que foi dita nos tempos que ele ainda era presidente. “Não é mais hora de bravatas, agora estamos no governo!”.
Enviado por
Gabriel H.
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