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quarta-feira, agosto 11, 2004
Rita
Capítulo XV – Que Deus o tenha
O tempo passou, o mandato de Rita começou, a amizade entre Geraldo e seu filho cresceu, Silvana continuou inconformada com a separação e, como podem perceber, as coisas não mudaram muito.
Apesar de não assumirem em público, Geraldo e Rita estavam namorando – para o desgosto tanto de Silvana como de seu José Maria. O casal de pombinhos vivia os melhores momentos de suas vidas e a felicidade poderia ser notada de longe. Por estarem apaixonados, os dois trabalhavam melhor – ela na Câmara e ele na lanchonete – e cada vez mais faziam sucesso. A lanchonete Silva já negociava para abrir filiais em dois estados e Rita, apesar de estar a menos de um ano na Câmara Municipal de São Paulo, já era forte candidata ao cargo de deputada federal.
Tudo era muito maravilhoso, até o que parecia impossível estava acontecendo: Mauro, talvez por agora conhecer a verdadeira história do pai, não implicava mais com Rita e os dois começavam até a construir uma relação de amizade – fato que, obviamente, desagradava Silvana.
O maior empecilho para a felicidade total do casal era mesmo, sem dúvida, a postura dura de seu José Maria em relação a Geraldo. O velho não aceitava que sua filha namorasse com “aquele desgraçado” – como ele mesmo dizia – e garantia que no dia que ela assumisse estar namorando seu arqui-rival, ele sairia de casa e sua filha jamais ouviria sequer seu nome. Não é nem possível imaginar o sofrimento que essa história foi para Rita. Ter que escolher entre seu pai e seu namorado era muito complicado. Ela tinha planos para Geraldo e seu pai sabia disso e até chegou a aprovar, mas mesmo assim manteve a decisão de não querer sua filha envolvida com “aquele lá”.
Misteriosamente, na manhã de 16 de novembro, seu José não levantará da cama e Rita, quando foi ver o que havia acontecido, encontrou seu pai ainda deitado, tentou acordá-lo, entretanto de nada adiantou: aquele homem tão sofrido, com um passado tão misterioso, estava morto e ninguém poderia fazer mais nada.
O desespero de Rita foi sem tamanho: ela não sabia se gritava por socorro ou se chorava. Na dúvida fazia os dois. Logo alguns vizinhos foram acudir e Rita, aos poucos se acalmou. Ligou para os amigos mais chegados – incluindo sua filha que estudava no exterior e Geraldo - e contou o ocorrido. Todos estavam pasmos, afinal, apesar de todos os problemas, José Maria gozava da mais perfeita saúde e uma morte assim repentina era inimaginável.
A filha do falecido duvidava tanto de morte natural que chegou a pedir a polícia que investigasse. Coração de filha não se engana e assim como já era imaginado por Rita, o pai havia morrido envenenado e, devido aos problemas pelos quais o morto vinha passando, era fácil deduzir que havia sido suicídio. A polícia, obviamente, abriu inquérito para confirmar se havia mesmo ocorrido suicídio e Rita cada vez mais se arrependia daquele seu ato impensado de pedir a investigação do caso. Preferia deixar seu pai descansando em paz do que revirar os motivos que o levaram a se matar. A principio parecia que a melhor coisa a ser feita era descobrir a causa da morte, contudo logo Rita chegou a conclusão contrária, mas não havia mais nada a ser feito.
O choque pela morte do pai foi imensamente maior do que quando Luís, seu marido, fora atropelado pelo ônibus. Afinal ela amava o pai.
Enviado por
Gabriel H.
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