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quarta-feira, julho 28, 2004

Rita


Capítulo XIII – Lembranças


Já devia ser mais ou menos cinco horas da manhã, Rita havia acabado de conseguir dormir quando a campainha começou a tocar insistentemente. Era Geraldo que procurava a amiga e amada para afogar as mágoas. Rita não acordou, entretanto seu pai, irritado como sempre, levantou da cama e foi ver quem era o chato que tocava a campainha aquela hora da matina. Ao abrir a porta ficou surpreso em ver “aquele ser desprezível” – como costumava se referir a Geraldo – com os olhos cheios d’água, perguntando por sua filha.
-- Seu José, a Rita está ai?
-- Ela está dormindo. Você tem noção de que horas ela chegou em casa ontem?
-- Lógico que tenho. Não se esqueça que também trabalhei na campanha de sua filha e que comemorei tanto quanto ela.
-- Então devia imaginar que ela está dormindo agora.
-- E eu que nem dormi?
-- O problema é seu.
-- Tudo bem, mas eu preciso falar com Rita.
-- Sinto muito, mas eu não vou deixar você entrar na minha casa. – seu José Maria deu uma ênfase maior na palavra minha
-- Certo. Vou ficar aqui na porta até que sua filha possa me atender.
Seu José fechou a porta sem nem se despedir, sentou no sofá e começou a chorar. Sempre que se encontrava com Geraldo as piores lembranças vinham a tona. Desde o dia em que conheceu Geraldo, há muitos anos passados, até o dia de hoje a vida de José Maria não era mais a mesma. Tudo que havia acontecido de ruim na vida do velho e acabado homem, direta ou indiretamente, tinha a ver com o ex-patrão de sua filha. Enquanto lembrava – mesmo sem querer lembrar – o dia do suicídio de sua esposa, chorava compulsivamente. O que seria de sua vida se não tivesse conhecido Geraldo? Muito provavelmente sua esposa estaria viva e, se não tivesse, a morte não teria sido tão trágica. A cada dia José se culpava pela fraqueza: “Eu devia ter resistido!”, “Minha mulher não merecia que eu fizesse aquilo com ela.” e outras frases do mesmo gênero povoavam a mente do velho toda vez que se lembrava da esposa.
Rita acordou, viu o pai naquela situação – o desespero do homenzinho era tão grande que ele sequer reparou que a filha havia entrado na sala – e não conseguiu imaginar o motivo. Sentou-se do lado do homem que mais amava no mundo – muito mais do que seu falecido marido ou que seu atual amante – e perguntou o que havia acontecido. A resposta foi seca:
-- Você tem visitas. Veja quem é e descubra o porque do meu estado.
Rita abriu a porta e lá estava o “amado”. Perguntou o que ele queria – enquanto isso seu pai entrou para o quarto, ainda chorando – e ele contou que havia discutido com a mulher – logicamente inventou outro motivo para a briga – e que como resultado de tudo havia tomado uma decisão: sair de casa. Rita mostrou-se feliz e preocupada ao mesmo tempo.
-- Já tem lugar para morar?
-- Isso que eu queria ver com você.
-- Conheço um hotel ótimo. É o máximo que posso fazer por você.
-- Não era bem isso que eu queria. Eu queria morar com você.
-- Eu sei, mas você esqueceu que eu moro com meu pai que te odeia e com a minha filha que é muito apegada a imagem do pai. Graças a Deus vou mandar a menina estudar no exterior, não agüentava mais vê-la chorando pelos cantos lembrando do pai.
-- Aproveita que vai despachar a menina e despacha o velho também.
-- Eu não posso. Ele é meu pai, eu o amo.
-- Tudo bem, eu vou para um hotel.
Geraldo se despediu da namorada – se bem que oficialmente eles eram apenas bons amigos – e foi para o hotel cujo dono era um velho amigo seu. Custou para pegar no sono, porque algumas das lembranças que dominaram a mente do pai de Rita, também surgiam como praga na cabeça de Geraldo. Contudo Geraldo não dava tanta importância para o suicídio de Maria José, afinal não conhecerá muito bem a mãe de sua ex-empregada, entretanto Geraldo temia por seu filho, não podia suportar a idéia de ver seu filho tendo um futuro infeliz igual ao seu.


Enviado por Gabriel H.