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quarta-feira, julho 21, 2004
Rita
Capítulo XII - Vitória, Comemoração e Revelação
No dia da eleição tudo aconteceu na maior normalidade possível. Logo que terminou a apuração foi confirmado que Rita estava eleita, sendo ela a vereadora mais votada de toda a história de São Paulo. A felicidade de Rita e seus parceiros na longa e complicada jornada que foi a campanha era inigualável, mas a vereadora eleita não queria comemorar no meio de toda aquela multidão.
Saiu de fininho da festa organizada por sua assessoria e poucos minutos depois Geraldo fazia o mesmo. Os dois se encontraram em um restaurante em uma cidade vizinha e começaram a comemoração pessoal, dali foram para um pequeno hotel onde passaram a melhor noite de suas vidas. Não gastarei palavras descrevendo essa cena por considerar desnecessário, cada um imagine o que achar melhor.
No dia seguinte, assim que Geraldo entrou em casa - tentando fazer o mínimo de barulho possível para não acordar sua família - Silvana o esperava, sentada em um sofá - como naquelas clássicas cenas de cinema.
-- Onde você passou a noite?
-- Estava comemorando a vitória de Rita. Você viu que ela foi a vereadora mais votada?
-- Infelizmente eu vi. Você sabe muito bem que não gosto nem um pouco que você fique próximo daquela moça. Por mim eu faria de tudo para afastá-la de você. DE TUDO! Ouviu bem?
-- O que você quer dizer com tudo?
-- Tudo mesmo. Qualquer coisa! Inclusive matar. Ou você acha que o pobre do Azevedo teve mesmo alguma coisa a ver com o atentado contra a vigarista?
-- Eu não acredito que você foi capaz de fazer isso. Eu não quero ouvir mais nada. Vou embora dessa casa hoje mesmo.
-- Se você for embora eu mato aquela mulherzinha de quinta categoria. E dessa vez eu não vou errar.
-- Você está louca!
-- Eu sou louca! LOUCA POR VOCÊ!
Geraldo saiu de casa. Estava transtornado, não conseguia nem mais olhar na cara daquela mulher que um dia já havia amado. Passará diversos momentos felizes ao lado de Silvana e agora ouvia dela uma confissão de tentativa assassinato. E o pior: não era o assassinato de alguém que merecesse; não era legítima defesa nem nada do gênero; era um assassinato por loucura, por um amor - se é que pode se chamar isso de amor - idiota.
Desde que Rita começou a trabalhar com Geraldo o casamento do dono da famosa lanchonete já não estava muito bem. O amor por Silvana aos poucos era trocado pelo amor por Rita. E não dava para negar isso, estava claro que Geraldo já não amava mais sua esposa como antes. Contudo mesmo sem amor era possível levar o casamento, afinal ele ainda nutria um grande carinho por sua mulher. A conversa com Silvana fora a gota d’água: Geraldo não podia admitir a idéia de continuar com um casamento onde sua parceira era capaz de matar por ciúmes. Sabia que o resultado de sua saída de casa poderia ser trágico - o que Silvana faria para se vingar? - entretanto preferiu assumir o risco.
Depois de andar um pouco pelas ruas da cidade, Geraldo chamou um táxi e seguiu para a casa de Rita. Não queria contar a história toda, mas precisava pelo menos contar que havia saído de casa - quem sabe esse desejo não fosse uma esperança de que Rita o chamasse para morar com ela? - e que seu casamento com Silvana tinha finalmente - e eternamente - terminado.
Enviado por
Gabriel H.
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