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quinta-feira, junho 24, 2004
Rita
Capítulo VI – Vereadora
Mauro correu para casa e logo já estava trancado no escritório com a mãe. Os dois conversavam bem baixo, afinal as paredes têm ouvido e naquela casa os ouvidos eram bem treinados. O filho descreveu a conversa que tivera com Rita nos mínimos detalhes. No final da conversa, Silvana não sabia como aquilo poderia ajudar a separar Geraldo de Rita.
— Você esqueceu quem é meu melhor amigo?
— O vereador Diniz.
— Certo.
— E dai?
— E dai que ele tem influência dentro do partido.
— Você está sugerindo que ele lance a candidatura daquela mulherzinha a vereadora? Você quer realizar o sonho dela?
— BINGO!!!
— Mas ela vai poder continuar próxima do seu pai.
— Não se for eleita vereadora em outra cidade...
— Em uma cidade bem distante...
— Exato.
— Mas será que ela aceitaria ser vereadora em um lugar que ela nem conhece?
— Pelo que senti, ela faz tudo para ser vereadora ou ter qualquer cargo político, seja onde for.
— Então converse com seu amigo. Veja o que ele pode fazer por nós.
***
O vereador, que já conhecia Rita de algumas reuniões do partido, onde a moça sempre se destacava entre os militantes, garantiu que a moça teria um futuro político brilhante. Segundo ele, Rita tinha tantas glórias reservadas que não merecia ficar presa a uma Câmara Municipal do interior do Brasil, para Diniz a moça deveria ser candidata a vereadora em alguma cidade grande, ou então a deputada. Mauro "bateu o pé" e conseguiu convencer Diniz de que seria interessante Rita começar como vereadora em uma cidade menor para depois planejar vôos maiores.
— Você venceu! Agora só falta convencer a moça. – disse o vereador, com um ar muito cansado devido as sessões de madrugada na Câmara Municipal paulistana.
— Tenho certeza que se você fizer o convite pessoalmente ela aceita ir até para o inferno.
Mais ou menos dois dias depois da conversa com Mauro, Diniz encontrou com Rita em uma reunião na sede do partido. Começou a conversar com a moça sem declarar seus reais objetivos. Disse que ela sempre se destacava entre os militantes, que sem dúvida daria uma grande política e – depois de muito falar – que ela poderia começar se candidatando a vereadora. Os olhos de Rita brilhavam. Ela estava no paraíso. Ser política era seu sonho. Entretanto havia um pequeno problema:
— Não posso me afastar da capital. Se for vereadora terá que ser aqui. – disse a moça assim que o vereador comentou que ela teria que se candidatar no interior
— Sei que ser vereadora na capital dá muito mais status do que exercer qualquer cargo no interior, porém a eleição aqui é muito mais difícil e além disso já temos nosso quadro de candidatos aqui praticamente fechado, só com empresas de primeira grandeza. Não podemos contar com novatos.
— A questão não é o status. Realmente não posso me afastar de São Paulo. Tenho planos que só podem ser levados adiante se eu continuar aqui.
— Que tipos de planos.
— Coisas pessoais. Assuntos de família.
— Entendo. Mas pense bem. Não é todo dia que uma oportunidade dessa aparece.
— Já pensei. Vou esperar até poder ser candidata na capital.
João Diniz, esquecendo–se do pedido do amigo e pensando somente no futuro político que Rita poderia ter, resolveu aceitar a idéia de fazê–la vereadora em São Paulo. Estava tão confiante na moça que assumiu o risco de não se candidatar a reeleição naquele ano para apoiar o nome de Rita. Dois anos depois concorreria a deputado federal.
Enviado por
Gabriel H.
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